Hidrovia do Madeira é debatida

18/09/2012

O evento reuniu autoridades e interessados ao assunto para implantar a hidrovia do Madeira, segundo Ricardo de Sá Vieira, diretor-presidente da SOPH (Sociedade de Portos e Hidrovias do Estado de Rondônia).

 

 Para Vieira, a criação da hidrovia tem grandes chances de ajudar a economia de Rondônia crescer exponencialmente, mas para tanto, necessita que os recursos sejam aplicados, como sinalização, dragagem e balizamento para que a hidrovia possa ser efetivamente construída.

 

 Investir em hidrovias é viável não só economicamente, mas também por que é um dos meios de transporte mais baratos e de baixo impacto ambiental em relação ao transporte rodoviário e ferroviário. “Apesar de o rio Madeira ser um dos grandes afluentes do Rio Amazonas, com aproximadamente 1450 Km de extensão e ser navegável o ano inteiro, seu canal de navegação precisa ter 3,8 metros de profundidade, principalmente do período de seca”, enfatizou Ricardo Sá.

 

 “Não queremos um rio com dragagens pontuais, nós precisamos que haja investimentos e uma manutenção constante para tornar o canal navegável, com o nível mínimo de 3,80m durante o verão, permitindo assim a navegabilidade do Madeira. Precisamos de condições para navegar tanto no inverno quanto no verão”, explicou Raimundo Holanda, presidente do Sindfluvial (Sindicato das Empresas de Travessia e Navegação, Transporte de Passageiros, Veículos e Cargas Lacustre e Fluvial do Estado de Rondônia).

 

 Para Denis Baú, presidente da FIERO, a hidrovia do Madeira na visão da indústria é uma riqueza tanto econômica quanto histórica. “Tudo que começou a gerar economicamente a nossa riqueza, foi por causa da hidrovia. Os números revelam, já ultrapassamos 4 milhões de toneladas, 75% do volume que foi transportado na hidrovia Tiete-Paraná. A ideia deste fórum é tirar do papel, ou seja, melhorar, sinalizar, dragar. Dar à hidrovia a manutenção que se dá a uma estrada”, disse.

 

 Durante a cerimônia de abertura, Adalberto Tokarski, Superintendente da navegação interior da ANTAQ, chamou atenção quanto às hidrelétricas instaladas no Madeira. “Veio a nós uma preocupação quanto às instalações das hidrelétricas no Madeira. As usinas são fundamentais para a geração de energia, mas devem ajudar”.

De acordo com relatórios apresentados pelo Sindfluvial, uma das causas pelo assoreamento no rio é resultado dos resíduos produzidos pela construção das usinas, que são despejados no Madeira, acrescentou Raimundo Holanda.

 

 Tokarski citou ainda o crescimento das hidrovias na região amazônica. “A Amazônia é o local em que a navegação mais cresce no Brasil, e Rondônia não pode perder esse momento. O Rio Madeira tem que estar capacitado para competir com os outros mercados.”, disse.

 

 Foi abordado na cerimônia, o fato da hidrovia ser uma solução alternativa para descongestionar as rodovias que estão saturadas. “É preciso que o governo entenda a viabilidade do projeto, por que por mais que melhoremos as condições, a demanda é maior que a nossa capacidade”, disse Marcos Rogério, deputado federal.

 

 Para o comandante naval do Amazonas, Antônio Carlos Frade Carneiro, “a hidrovia precisa ter um planejamento e um órgão responsável por ela, como existe um órgão responsável pelo Porto”.

 

 Por fim, o Governador Confúcio Moura afirmou que ficará atento quanto à hidrovia. “Eu vou estar mais atento a esta área. Chegou a nossa vez de assegurar que este rio seja hidrovia”, concluiu.

 

 Economia

 

 De acordo com Raimundo Holanda, Rondônia transporta quatro milhões de toneladas de grãos. “Por falta de infraestrutura, não atingimos a meta de sete milhões de toneladas. Por ano, transportamos três bilhões de litros que abastece o Estado de Rondônia, Acre e Noroeste de Mato Grosso. O Transporte de açúcar pelo Rio Madeira, ultrapassa 100 milhões de toneladas. A hidrovia tem que sair pela riqueza que transportamos, pela economia que fazemos. Com o transporte de derivados de combustível, economizamos para a nação em torno de 1 bilhão de reais”, disse Holanda.

 

Responsabilidade Social

 

 A situação de comunidades ribeirinhas que tem como transporte apenas o Rio Madeira também foi pautada. De acordo com os relatórios apresentados, a hidrovia irá ajudar não só economicamente, mas social. “É o único meio de transporte de passageiros em algumas regiões da Amazônia”, argumentou o diretor presidente da SOPH.